sábado, 29 de janeiro de 2011

Potiguar 2011: Na sombra do amadorismo e no dilema da profissionalização


Freire Neto – jornalista profissional (DRT:0912 JP)
Diretor de esportes BAND NATAL

 Apita o árbitro! Neste domingo começa mais uma temporada para o futebol potiguar. O Campeonato Estadual de Futebol tem início com a primeira rodada e cinco jogos movimentam estádios pelo Rio Grande do Norte. Todos os anos, desde o início do projeto que desenvolvo na Band Natal, viajamos (eu e uma equipe de reportagem) para registrar e conferir os times, estrutura e apresentar ao telespectador cada time para o Certame. A acomodação do amadorismo impera em nosso esporte norte-rio-grandense, apesar das raras exceções e o dilema pela necessidade de se profissionalizar e mudar o hábito. O mau costume de passar o “pires na mão” parece ser mais fácil do que planejar um projeto, discutir maneiras criativas de arrecadação e buscar exemplos vitoriosos e de resultados pelo Brasil, para se espelhar, ou até mesmo fechar parcerias. O futebol, assim como o esporte, precisa de um choque de gestão e tudo deveria começar através do poder público com a implantação de uma política desportiva e instrumentos de orientação e contribuição para o desenvolvimento de uma sociedade mais saudável. Mas, isso é assunto para um outro artigo. Diferente de 2010, este ano não vejo muito brilho nos clubes do interior do estado. ABC e América partem como favoritos com uns dois ou três degraus na frente dos demais adversários.

Ricardo Oliveira e João Paulo (o Spit Fire)

Time do ABC no recreativo

Se não perder o rumo da gestão e não se complicar com as “fogueiras de vaidade”, o ABC seguirá por um caminho de resultados, conquistas e de fidelização dos seus torcedores/parceiros e frequentadores de estádio e consumidor de seus produtos. A profissionalização de vários setores do clube, o investimento no projeto sócio torcedor, a consolidação de parcerias rentáveis e “saudáveis” e a continuidade de um “projeto” com o treinador Leandro Campos e uma base vitoriosa de 2010, credencia o maior campeão estadual na posição de favorito. Mas para deixar a teoria e seguir firme na prática, o foco precisa ser mantido, os “craques” precisam fazer sua parte dentro de campo e a unidade precisa ser uma realidade. Cascata, Leandrão, Wellington e João Paulo (o “Spit Fire”) precisam brilhar para que o 12º jogador “entre em campo” e realmente todos juntos façam a diferença.


O América inicia uma forte necessidade de mudança de hábito. Organizar, planejar, criar e se profissionalizar são obrigação para voltar a vencer. Depois da queda para a Série C e o jejum de títulos que incomoda sua torcida, o “esquadrão rubro” precisa de um choque de gestão e pelas ações e postura desses primeiros dias do ano parece que o processo está sendo iniciado. A grande aposta do clube da Rodrigues Alves é no projeto, na juventude e ideias do técnico Dado Cavalcanti. O pernambucano tem uma grande chance de se firmar e projetar seus conceitos no futebol. Sem medalhões ou craque conhecido, o “Vermelho” terá um grande desafio e mesmo querendo fugir da pressão é favorito sim e luta para dar fim a um jejum de oito anos. Mas repito o que disse em 2010, quando o ABC iniciou o grande “projeto” e fracassou no primeiro turno. Não existe marketing sem produto e torcedores precisam de ídolos craques para ir ao estádio, comprar produtos, ser sócio torcedor. Já sei, querem calma. É um dilema mesmo, mas só faz gol quem chuta.

Alecrim na boca do túnel no Machadão
O Alecrim tem em Ferdinando Teixeira o seu farol, mas o treinador sozinho não entra em campo e não decide tudo. O grupo é limitado, pode surpreender, mas isso não basta. A diretoria e sua torcida são apaixonadas e juram acreditar no fim do jejum que completara 21 anos. Falta estrutura, força e pegada. Sinceramente, não acredito. Mas futebol é “uma caixinha de surpresas”, não é ciência exata e não dá espaço para lógica. 

Wassil Mendes


CT do Santa Cruz em construção e montagem
Vamos em frente! Entre os times do interior, sete clubes, o Santa Cruz apresenta melhor estrutura e com certeza o clube com o maior orçamento. Wassil Mendes será o comandante do representante da terra de Santa Rita de Cássia. Figuras conhecidas do futebol potiguar aportaram no tricolor do Trairi e querem o desbancar os favoritos da capital: goleiro Isaías; Marciano; o artilheiro do sertão, Quirino; Didi Potiguar, entre outros. Para completar, um Centro de Treinamento está sendo construído em anexo ao estádio Iberezão com alojamento para os jogadores, sala de musculação, campo de treinamento, fisioterapia e departamento médico. O projeto é ousado e faz diferença.

Cícero Ramalho, técnico do Coríntias de Caicó

Diego com fome de gol



O Coríntians de Caicó é aquela incógnita. O técnico Cícero Ramalho inicia a temporada sem o apoio da torcida, mas tem a reputação e a história ao seu favor. Com atletas conhecidos e rodados pelo estado e um caldeirão, o Marizão, o “Galo do Seridó” tenta o bicampeonato. Esbarra e muito com a falta de profissionalismo e a necessidade da solidariedade do empresariado. Sinceramente, o futebol não tem mais espaço para isso. Sem contar as folclóricas confusões e polêmicas que envolve os bastidores e o dirigente do clube, Lobão. Apesar de toda a potência da cidade e região de Mossoró, Potiguar e Baraúnas, não empolgam. Não vejo uma gestão profissional e com pensamento de médio e longo prazo. O estádio Nogueirão sempre aos remendos e sem uma solução definitiva. Não consigo entender como não há uma atitude mais forte de uma cidade “rica” e repleta de grandes empresas e de história ativa em nosso estado. Será que seremos surpreendidos?

Netinho Matias conversa com Marksuel Figueredo

Robertinho, uma das promessas

O talismã, Marcelo Assuense




No Assu, Netinho Matias (o primo de Souza e o irmão de Sinha – que é ídolo no México) tem missão difícil. Atolado em dívidas, resquícios de 2010, o representante do Vale aposta em jovens promessas e no conjunto. Não parece nem de perto o time campeão de 2009. Orçamento limitado e política “pé no chão” podem segurar o ímpeto do “Camaleão”. Netinho é um excelente treinador e vai precisar de muita criatividade, ajuda divina e do brilho de um novo “craque potiguar” para surpreender. Ao seu favor, o Edgarzão e a torcida podem fazer tremer os mais despreparados e intimidados!

Thiago César conversa com diretor de futebol do Palmeira, Ariel





Palmeira e Centenário de Pau dos Ferros são os dois azarões. O primeiro subiu da segunda divisão e tem no treinador Marcos Emanuel a grande figura do time, ao lado do conhecido mundialmente goleiro Messi, primeiro jogador profissional a assumir sua opção sexual. Marcos tem o grupo na mão, com jovens promessas e nenhum medalhão. Pode complicar a vida de quem chegar achando que já ganhou. Entrosamento e disposição o verde de Goianinha tem de sobra. Mas futebol é decidido nos detalhes e erros. Jogos no Nazarenão só à tarde, o estádio não tem iluminação. O treinador Andrey Valério está sofrendo com a limitação de orçamento e amadorismo em Pau dos Ferros. Se tivesse estrutura, investimento e uma base forte, o multi campeão das areias do mundo, poderia fazer história, mas vai lutar com o Centenário para não ser rebaixado.



Por sua vez, a Federação Norte-rio-grandense de Futebol prega um processo de profissionalização, que nem engatinha, segue lento, mas o seu presidente, José Vanildo, tenta viabilizar o processo e busca parceiros que o oriente e o ajude. O primeiro passo foi dado: premiação para os campeões de turno (1 carro 0km) e um lançamento oficial. Mas ainda falta muito. E você, o que achas? Quem será o campeão? Quem vai cair pra segundona? Tem ideias para contribuir com a profissionalização do futebol? Se sim, mãos a obra e o futebol potiguar o aguarda, se não, paciência. A falsa paz do amadorismo e acomodação ou o dilema ou necessidade vital da profissionalização, luta árdua? Como diria uma das maiores marcas do esporte mundial: JUST DO IT! Apenas faça!


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