terça-feira, 29 de março de 2011

Mais uma união


Para definir futuro administrativo, América se reúne para estabelecer um novo formato participativo na condução do clube. Clóvis Emídio continua presidente. “G4, G5, G200, não existe. Queremos união para o futebol”, diz presidente


É histórico. Virou tradição. Se o momento é ruim, o América reúne e soma esforços. Sejam financeiros ou simplesmente emocionais. Mas não é de hoje que o momento é ruim. Há oito anos sem levantar o título estadual o América nesse meio tempo conquistou um acesso importante à Série A em 2006. Depois disso, acumulou insucessos, lutou sempre para não cair nas competições nacionais. Foi despencando de série até chegar na C.
Entre todos os percalços do dia-a-dia do clube criou-se um grupo chamado G-4, que reúne dirigentes que de alguma forma ajudaram (ou ajudam) o time em momentos específicos. Desse grupo nasceu uma dependência. Acho estranha a denominação, justamente por não acreditar que apenas em quatro personagens esteja alicerçada a força do América. Ricardo Bezerra, Roberto Bezerra, José Vasconcelos da Rocha, Eduardo Rocha, Alex Padang, Paulinho Freire, José Maria Figueiredo, Gustavo Carvalho, são alguns personagens que sempre estiveram no comando alvirrubro nos últimos tempos. São bem mais de quatro.
Desde o ano passado o América vive um clima de instabilidade administrativa. O nome de José Maria Figueiredo, até então afastado das atividades do clube, foi escolhido em consenso para ser o presidente e amenizar os conflitos pelo poder. Foi consenso na escolha e foi abandonado no percurso. Viu-se sozinho no meio a um turbilhão de problemas que o clube vivia sem conseguir conquistar resultados no campo. Ao sair, José Maria deixou para Clóvis Emídio um fardo pesado para carregar. Sem o apoio devido, Clóvis correu para buscar algumas peças que há tempos não viviam o clube para remar no barco. Foi buscar em Sérgio Papelim e Jalvan Andrade o suporte necessário para ajudá-lo na gestão do futebol.
Com o discurso de buscar forças na união, Clóvis se viu sozinho no rebaixamento para a Série C. Mesmo assim, em 2011, deu um pontapé inicial para tentar organizar a vida do clube. De maneira simples, o América tentava se reerguer. Agora, depois da fraca campanha no primeiro turno, com o início do segundo e com a escassez de calendário competitivo que o deixará inativo por pelo menos 60 dias, o time acumula dívidas salariais e prejuízos nas arquibancadas. Como fazer para cumprir os compromissos? Mais uma vez buscar força no apoio do grupo. Diante de tantas informações divulgadas, chegou a se falar em renúncia do atual presidente. De que o grupo, para apoiar, forçaria Clóvis Emídio a se retirar.
Depois de muito burburinho, a famosa reunião que definira o futuro do clube aconteceu. De portas fechadas estiveram reunidos: Clóvis Emídio, Paulinho Freire, Ricardo Bezerra, Gustavo Carvalho, Alex Padang, Edurado Rocha, Jalvan Andrade, Williman Oliveira, Dr. José Medeiros, Dr. Jussier Santos, além de Souza, que anunciou recentemente seu retorno ao futebol, mas que ainda não há data definida para que isso aconteça.
O que ficou definido na reunião e os próximos passos alvirrubros você confere agora na entrevista do presidente Clóvis Emídio.

O JORNAL DE HOJE: O que ficou definido na reunião. Sua permanência está definida?
CLÓVIS EMÍDIO: Eu permaneço na presidência sim. As possíveis imposições que a imprensa chegou a citar que esse grupo, que resolveram chamar de G4, fez são infundadas. A reunião transcorreu no melhor clima possível. A gente classificou como um treino de arrumação. As agendas particulares são difíceis de compatibilização. Cada um tem suas atribuições particulares e havia uma dificuldade de sintonia. Essas pessoas sempre estiveram presentes no América. A reunião foi muito proveitosa porque precisamos definir o nosso futuro financeiro. A presença dos diretores demonstra que a família americana está mais junta que nunca, e que os problemas, que são vários, terão as decisões facilitadas. O primeiro passo será sanar as dívidas de salários com os nossos funcionários.
O JORNAL DE HOJE: Os salários estão atrasados?
CE: Estão. Pagamos sempre no dia 10 os atletas. Até quarta-feira estará tudo resolvido. Inclusive os dos funcionários do clube. É um absurdo um cidadão trabalhar e não receber. Vamos corrigir essa falha.
JH: Que notícias veiculadas não são verdadeiras?
CE: Tudo que se veiculou nas rádios e na imprensa esportiva acerca de G4, G5 e G200 foi mera especulação. Em nenhum momento se criou a expectativa de se criar um grupo que receberia o futebol do América, nem muito menos que para isso acontecer eu teria que me retirar da presidência. A dificuldade é simplesmente incompatibilidade de agendas. Só em uma situação de extrema necessidade é que os encontros poderiam acontecer.
JH: Mas haverá mudanças no comando administrativo?
CE: Não. Haverá um suporte maior. As pessoas que estiveram conosco se comprometeram em sacrificar a vida particular para estar mais presente no grupo. Estaremos todos juntos até o final do campeonato. Para deixar bem claro essa unificação.
JH: O que significa, “estar mais presente”?
Nós precisamos caminhar a passos largos para profissionalizar o futebol por inteiro, ou iremos padecer em maus resultados por muito tempo. É impossível sacrificar a atividade profissional em benefício de uma associação que congrega o interesse de milhares de pessoas. Viver o dia-a-dia do clube é fundamental. O mais importante nesse momento é dissipar de uma vez por todas com suspeitas e qualquer possibilidade de condicionar o apoio ao América a saída do presidente. A entrevista coletiva é uma forma da gente estabelecer uma comunicação direta, sem ruídos, para não haver nenhum tipo de deturpação dos procedimentos que vamos seguir.
JH: Você tem problemas de incompatibilidade de agenda?
CE: Dirigir um clube é um ato de devoção. Eu trabalho no Ministério do Trabalho, estou no clube no meu horário do almoço e sempre após o horário do trabalho estou na sede, sem hora para sair. Em certos momentos a gente larga mão de recursos particulares, para atender a necessidade do clube.
JH: Em algum momento da sua gestão, ou da reunião, você pensou em sair?
CE: Não. Eu falei anteriormente que se eu estivesse convencido que melhor para o América seria a minha saída, eu deixaria o cargo sem problemas. Mas em nível de reunião em nenhum momento isso foi citado.
JH: Você se sentiu sozinho no cargo?
Qualquer um, que assumir o América ou qualquer outra instituição, se sentirá sozinho em algum momento. A solidão é inerente do dia-a-dia do clube.
JH: Nessa reunião já foi tratado assuntos específicos do futebol? O América também pensa no Clássico do domingo com o ABC.
CE: Alguns detalhes, sim. O clássico será um divisor de águas para o campeonato. Quem ganhar o segundo turno entra com muita possibilidade de ganhar o título. É um dos clássicos mais importantes. Mas antes temos o Assu, e até quinta-feira esse é o nosso foco. Mas já adianto, para domingo o América pedirá árbitro de fora. O Baraúnas sabe do que estou falando. Santa Cruz também.

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